Jorge Gomes, coordenador do grupo de computação do LIP, foi convidado a contar o seu percurso e experiência desde que concorreu e foi aceite, pela primeira vez, em projetos a nível europeu. A compor o painel, juntou-se Cecília Roque, docente na Universidade Nova de Lisboa, no departamento de Química e Vera Aldeias, geoarqueóloga e investigadora no Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano, da Universidade do Algarve. Ambas distinguidas com Starting Grants do Conselho Europeu de Investigação (ERC), desvendaram todos os desafios e dicas associadas a financiamentos europeus.
As duas investigadoras viram as suas primeiras propostas a bolsas ERC recusadas. Aliás, Vera Aldeias alcançou-a muito recentemente. O LIP conseguiu, de forma relativamente fácil, a sua primeira participação num projeto europeu, mas, em contrapartida, não recebeu qualquer financiamento. Falhar foi comum aos três, mas garantem que vai sendo mais simples, à medida que se ganha experiência e conhecimento. “O primeiro projeto é um salto no escuro, mas hoje é mais fácil, porque já sabemos os truques todos”, realçou o investigador.
O início do caminho de Jorge Gomes recua largos anos, altura em que, no país, em matéria de computação havia um mundo por desbravar. Pode, por isso, dizer-se, que caminhou lado a lado com os desenvolvimentos feitos nesta área, principalmente no que toca a computação distribuída – também conhecida por GRID – não só a nível nacional como europeu.
Ainda que os primeiros passos tenham sido incertos e inseguros pela falta de conhecimento que existia na altura, o panorama começou a mudar significativamente (para melhor), em 2006, quando foi estabelecida uma parceria com Espanha, da qual nasceu a IBER-GRID.
Desde essa altura, a participação em concursos de infraestruturas multiplicou-se e os inúmeros projetos que têm vindo a ser desenvolvidos servem de ponte de participação para outros. Estabelecida uma boa rede de computação GRID, as apostas começaram, de há uns anos para cá, a incluir a computação em Cloud e a supercomputação, áreas nas quais hoje está envolvido em vários projetos, como o EuroCC, que se dedica a promover a Computação de Alto Desempenho.
“Éramos um grupo pequenino e sem a participação em projetos europeus não teria sido possível crescer tanto”, admitiu, dando como exemplo a criação da Infraestrutura Nacional de Computação Distribuída (INCD), da qual é coordenador técnico.
Para todos os presentes que apontavam rigorosamente as dicas das três histórias de sucesso na aquisição de bolsas e projetos europeus, ficam quatro conclusões transversais: não fazer ciência sozinhos, ter uma boa rede de contactos, escrever as propostas partilhando conhecimentos com outras pessoas e, acima de tudo, candidatar-se destemidamente. “Não tenham medo. Arrisquem. Pode não resultar logo, mas vai funcionar”, sublinhou Jorge Gomes.